O Ibovespa voltou para a região dos 160 mil pontos na última sexta-feira (12), acumulando valorização de cerca de 33% em 2025 — a melhor desde 2019. O movimento ocorre em um ano pré-eleitoral, período que historicamente tende a favorecer a Bolsa brasileira, especialmente no segundo semestre.
Na semana, o principal índice da B3 avançou 2,16%, atingindo um patamar que já era tratado por parte do mercado como um cenário otimista para o encerramento do ano. Ainda restam cerca de 15 dias de negociação, em um ambiente de menor liquidez, típico do fim de dezembro.
A leitura é de Sergio Ricciardi, sócio da Wiser | BTG Pactual, feita no novo episódio do podcast Perspectivas da Semana. Segundo ele, mesmo após a forte alta acumulada, o mercado segue encontrando suporte em fatores externos e na expectativa de juros mais baixos no médio prazo.
Confira a análise na íntegra:
O dólar comercial encerrou a semana em queda de 0,38%, cotado a R$ 5,41. Para Ricciardi, o comportamento da moeda chama atenção por ocorrer em um período que antecede eleições, quando historicamente há maior volatilidade cambial.
Depois de atingir níveis próximos de R$ 6,30 em momentos de estresse, o dólar passou a oscilar em uma faixa mais estreita, entre R$ 5,30 e R$ 5,40. Esse patamar, segundo o gestor, pode ser observado por investidores que buscam diversificação internacional, especialmente sob a ótica cambial.
No mercado de juros, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) recuaram ao longo da semana. O DI longo fechou em torno de 13,44%, refletindo uma melhora na percepção de risco após episódios recentes de tensão política. Esses contratos indicam a expectativa do mercado para a taxa Selic no futuro.
Nos Estados Unidos, o S&P 500 registrou leve realização de lucros, com queda de 0,63%, encerrando a semana aos 6.827 pontos. Já o índice de fundos imobiliários (IFIX) avançou 0,43%, aos 3.686 pontos, acompanhando parcialmente o movimento positivo do mercado local.
As Treasuries, títulos do Tesouro americano, tiveram alta nas taxas. O rendimento do papel de 10 anos subiu para cerca de 4,18%. Esses juros são considerados referência global e influenciam o fluxo de capital para mercados emergentes, como o Brasil.
O mercado também acompanha as projeções para o ciclo de juros americanos. Atualmente, a probabilidade de manutenção da taxa na próxima reunião do Fed, em janeiro, está em torno de 75%. A atenção se desloca para o nível final desse ciclo de cortes.
Segundo Ricciardi, o mercado já trabalha com juros entre 3% e 3,25% no médio prazo, após uma trajetória de queda iniciada a partir de níveis próximos de 5%. Caso surja espaço para cortes mais profundos, abaixo desse intervalo, o impacto sobre bolsas e ativos de risco pode ser relevante.
Por ora, a leitura predominante é de estabilização das expectativas, com o mercado aguardando novos dados que indiquem se haverá ou não margem para uma flexibilização monetária adicional nos Estados Unidos.
O post Ibovespa se encaminha para maior alta anual desde 2019; ainda há espaço para subir? apareceu primeiro em Monitor do Mercado.

